A Divisão da Direita: O Que Está em Jogo?


A ideia de que há uma “divisão” na direita brasileira tem sido amplamente discutida nos últimos tempos, especialmente após o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à candidatura de Ricardo Nunes em São Paulo. No entanto, essa narrativa de divisão oculta um fato importante: não há uma cisão real dentro da direita conservadora, mas sim a exposição de grupos que, frustrados com o cenário atual, mostram que nunca realmente fizeram parte do movimento conservador, mas se aliaram a ele por conveniência. Muitos liberais e centristas têm se distanciado da base bolsonarista e da direita conservadora, usando como pretexto as eleições municipais e, principalmente, a candidatura de Pablo Marçal, que não ganhou tração como se esperava.

A Divisão Natural

Durante os anos de ascensão da direita no Brasil, alguns grupos se posicionaram como aliados estratégicos, apesar de pontos em comum, suas convicções sempre estiveram distantes dos valores tradicionais defendidos pelo conservadorismo.

Os chamados “direita limpinha” agora tentam se apresentar como o “verdadeiro” lado da direita, apenas porque se sentiram traídos por movimentos políticos que não os beneficiaram diretamente. Esses mesmos grupos são conhecidos por tentarem emplacar o “movimento da terceira via” e por pedirem o “voto nulo”.

A candidatura de Pablo Marçal é um exemplo claro: Marçal tentou se posicionar como uma “alternativa”, com uma linguagem de renovação e inovação, mas sua campanha não obteve a adesão esperada da base conservadora. Isso não ocorreu por uma divisão do conservadorismo, mas porque Marçal não representa os valores fundamentais que o conservadorismo defende e, até então, nunca esteve alinhado de fato aos conservadores, tendo, em várias ocasiões, sido oposição a Bolsonaro e feito parte do movimento que pediu o voto nulo nas eleições mais importantes que o Brasil já teve, as eleições de 2022.

Bolsonaro, Conservadorismo e Alianças Políticas

A insatisfação com as alianças formadas pela direita nas eleições municipais, em busca de uma base para 2026, gerou críticas. Contudo, essas críticas ignoram a complexidade da política brasileira e a necessidade de alianças estratégicas para garantir a governabilidade. Bolsonaro, ao apoiar figuras de centro, entende que essas alianças são essenciais, mesmo que impliquem concessões temporárias. A política é, acima de tudo, estratégia: estar inserido em partidos relevantes e participar de comissões importantes é fundamental para influenciar decisões.

O conservadorismo brasileiro, ancorado em valores cristãos, da família, liberdade e soberania nacional, fortalece-se, enquanto aqueles que se ancoraram no movimento apenas para se alavancar se distanciam. Essa dinâmica de afastamento também se observa na trajetória da esquerda, que frequentemente é considerada unida, mas passou por diversas fases de alianças e distanciamentos. O que está acontecendo agora é uma separação natural entre grupos que estavam, desde o início, apenas estrategicamente alinhados.

A falta de força política de alguns grupos explica parte de seu comportamento. Por não estarem em partidos fortes ou posições estratégicas, eles investem na construção de narrativa e discursos populistas, para agradar a um público que, embora esteja insatisfeito com a política, não compreende totalmente a realidade.

É necessário reconhecer que, muitas vezes, formar alianças e participar de espaços não ideais é essencial para alcançar nossos objetivos. Contudo, essa abordagem superficial não traz resultados práticos. Política não se faz apenas com discursos, mas sim com a capacidade de articular projetos que gerem resultados concretos. Para garantir mudanças reais, é necessário construir alianças, mesmo que isso implique concessões.

O apoio a figuras menos populares não é uma traição aos princípios conservadores, mas parte de uma estratégia para garantir a governabilidade e avançar pautas essenciais no cenário atual.

A Força do “Bolsonarismo” no Brasil

O impressionante crescimento do PL nas eleições municipais de 2024 confirma a força do movimento bolsonarista, que segue ganhando espaço e consolidando sua posição no cenário político nacional. O PL, popular por ser o partido de Jair Bolsonaro, demonstrou um salto significativo em termos de votos e candidatos. Foi o partido que mais elegeu prefeitos na eleição de 2024 nos municípios com mais de 200 mil eleitores, grupo conhecido como G103. Foram 16 os filiados da sigla que venceram nessas grandes cidades no 1º e no 2º turnos. Eleito em 517 municípios, 50% mais que no pleito anterior, o PL é o quinto partido em número de prefeituras.

Comparado às eleições de 2020, onde o partido conquistou 4,7 milhões de votos para prefeitos, em 2024 esse número disparou para 15,7 milhões de votos no primeiro turno, um aumento percentual de 236,2%. Esse crescimento não se refletiu apenas no número de votos, mas também no número de candidatos lançados pelo PL.

Em 2020, o partido apresentou 970 candidaturas a prefeito, e agora, em 2024, esse número subiu para 1.483. Isso consolidou o PL como o partido que mais obteve apoio para seus candidatos aos executivos municipais em todo o Brasil. Esse avanço do bolsonarismo é uma clara demonstração de que a direita conservadora, longe de estar enfraquecida ou dividida, está tomando cada vez mais espaço no cenário político.

Perspectivas Futuras

A ideia de divisão, provém do afastamento de pessoas que nunca fizeram parte do movimento ou que se aliaram a ele por conveniência. Na política, não podemos nos dar ao luxo de evitar alianças com o centro, que, na realidade do Brasil, representa a maioria. A direita está engatinhando, começando a andar com suas próprias pernas e demonstrando que seu crescimento é é sólido e bem aceito pela população. Bolsonaro é a figura que representa a direita e o líder escolhido pelos conservadores, não por idolatria, mas pelo reconhecimento de que qualquer movimento precisa de um líder forte. Seja através do PL ou de qualquer outro partido, como ficou evidente quando Bolsonaro trocou de sigla, o líder escolhido pelos conservadores é ele.

A direita está ganhando espaço, possui representantes e presidentes em comissões importantes e, após as últimas eleições, conquistou posições significativas em diversos municípios. Esse cenário abre ainda mais o caminho para 2026, onde teremos a oportunidade de fortalecer o Congresso e potencialmente alcançar mais paridade no Senado, que renovará um terço de suas cadeiras. A verdadeira força da direita está em sua habilidade de se adaptar e trabalhar em conjunto para promover mudanças que reflitam os interesses e valores da sociedade.

O afastamento de grupos que nunca estiveram realmente comprometidos com o movimento conservador apenas fortalece a direita, que continua a ganhar espaço e consolidar suas conquistas, focando nos valores inegociáveis que defende. Com essa clareza sobre quem realmente está comprometido com esse projeto, a direita avança com segurança e consistência. Sem perder o foco, a direita brasileira já está moldando o país para as próximas gerações, firmando suas bases no que realmente importa para o Brasil.

Tay Pellegrini – Esposa, mãe e empresária. Atua no setor jurídico e, por muitos anos, trabalhou na área farmacêutica. Atualmente, está graduando em Ciência Política, fortalecendo seu compromisso com a defesa de valores essenciais para a sociedade. Conservadora, cristã, patriota, pró-vida e defensora da liberdade, tem como objetivo contribuir para a restauração dos valores e da cultura que se perderam nas últimas décadas.

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