Agradeça pela polarização

Hoje eu quero falar com você, que diz não gostar nem do Lula nem do Bolsonaro e que diz estar cansado dessa polarização.

Saiba que existe um monte de gente interessada que você pense assim, apenas para que possam vislumbrar uma chance nessas eleições.

No entanto, as mesmas pessoas que hoje dão corda a essa ideia, amanhã, se conseguissem chegar ao poder, seriam obrigadas a optar entre os únicos dois destinos possíveis:

1) sucumbir ao sistema;

ou 2) tentar bater de frente com ele.

Por isso, você deveria agradecer pela polarização. Sim. Porque ela é uma consequência direta do fato de termos alguém no poder hoje tentando fazer o que é certo em meio a uma engrenagem podre e corrupta que se acostumou a acomodar os maiores salafrários do país.

É óbvio que qualquer pessoa que tentasse mexer nisso sofreria retaliações e difamação.

E só mesmo quem não conhece os motivos que norteiam a atuação política da esquerda é que pode acreditar na possibilidade dela um dia baixar as armas e se aliar ao restante do povo num projeto comum de sociedade.

Isso jamais acontecerá!

Infelizmente, porém, a mídia (que faz parte do sistema) jamais permitirá que o desavisado perceba a diferença abismal entre os dois lados.

Na narrativa oficial, Lula e Bolsonaro são apenas dois cães raivosos que latem de forma insensata um para o outro. Mas, não… Esse embate está mais para a briga do lobo com o cão pastor.

De todo jeito, quem vê as manchetes de longe e não entende o que cada um está a defender ali cria nojo da política e alimenta a ilusão de que, talvez, uma terceira via poderia deixar essa fase para trás.

Não poderia.

Os únicos dois destinos possíveis (a via do sistema ou a de oposição ao sistema) tratariam logo de colocar a terceira via do lado de um dos lados já consolidados hoje.

E isso vai muito além do político A ou B.

Ou você aceita se juntar ao establishment para garantir um pouco de paz ou você tenta mudar o Brasil e terá a sua vida infernizada dia e noite por todos os poderes que se sentem lesados pelo fim da panela.

Achar que com beltrano ou sicrano poderia ser diferente só mostra o quanto você não entende a real situação do país.

Pedro Delfino é especialista em História da Civilização Ocidental e História da Igreja Católica; autor do livro Mentalidade Atrasada, Nação Fracassada (que aborda temas como História, Filosofia e Política); do Curso de História Geral da Civilização Ocidental, do Curso de Excelência Catholica, do livro Via Sancta e é co-Fundador do Movimento Brasil Conservador.
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