Todos os anos, o Dia da Consciência Negra é usado para nos bombardear de informações descontextualizadas e impor a “verdade” inquestionável de que o Brasil sofre de um racismo estrutural que se manifesta na forma de violência contra os negros. Todos nós já cansamos de ouvir por aí que no Brasil se mata pretos e pobres como em nenhum outro lugar e que existe um genocídio sendo praticado diariamente. No entanto, aquilo que à primeira vista parece ser uma atitude de quem quer o bem dos negros, sob um olhar mais atento, se mostra uma maliciosa artimanha para torná-los dependentes de uma ideologia, na medida em que eles se convencem dessa mentira e vendem suas almas ao Partido que promete defendê-los.
É triste que 133 anos depois da Lei Áurea nós ainda tenhamos que lutar pela causa abolicionista, já que a escravidão do século XXI é aquela em que o corpo é livre, mas a consciência é cativa. Sendo assim, não nos resta outra opção a não ser aproveitar essa data a fim de derrubar duas crenças tão enraizadas quanto falsas:
1) a de que o restante da sociedade tem alguma coisa contra os negros; e
2) a crença nas estratégias erradas para lidar com a desigualdade social entre negros e brancos.
Para saber: Segundo o IBGE, “negro” é o termo que se usa para o somatório dos pretos e pardos, os dois grupos étnicos colocados por todos como as grandes vítimas de racismo. Também segundo o IBGE, dos 208 milhões de habitantes no Brasil em 2018, 55% eram negros e 45% brancos.
Entre 2012 e 2017, tivemos uma média de 42.500 mortes de negros por ano [1]. Nesse último ano da amostragem (2017) houve 63.880 mortes violentas no Brasil ao todo [2]. Logo, a violência contra os negros representa 66% do total.
Se considerarmos então que os negros compõem 55% da população, é compreensível o fato de que as estatísticas mostrem um número também maior de negros mortos do que de brancos mortos, simplesmente porque existem mais negros do que brancos. Porém, a proporção entre mortes e representatividade na população está um pouco desequilibrada — é verdade —, afinal, o grupo que representa 55% do povo tem 66% dos mortos.
Vejamos alguns dados que ajudam a explicar essa diferença:
- Entre os 10% mais ricos da população, 70% são brancos. E, entre os 10% mais pobres, 75% são negros. [3]
- 72% dos moradores de favela são negros. [4]
- A cidade mais violenta do Brasil é Altamira no Pará, cuja taxa de homicídio é de 105 para cada 100 mil habitantes e possui IDH médio de 0,665. Na outra ponta, Jaraguá do Sul apresenta taxa de 3,1 mortes por 100 mil habitantes e IDH de 0,803. Os estados do Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas, Pará e Amapá possuem renda per capita familiar inferior a R$ 950 (dado de 2017, quando o salário mínimo era R$ 954) e são os estados mais violentos do país. [5]
Desses três pontos apresentados, podemos tirar duas certezas muito claras: os negros são a maioria absoluta entre os mais pobres e os mais pobres normalmente residem nas localidades mais violentas (nos estados mais violentos do país e nos bairros mais violentos de cada cidade). Portanto, é lógico que, se existem muito mais negros do que brancos nas áreas mais violentas, as chances de termos mais mortes de negros do que de brancos também serão maiores!
Além disso, um detalhe que não pode ser ignorado (e que normalmente é omitido pela mídia) é o fato de que a maioria de todos esses crimes que levam à morte de negros é cometida entre eles mesmos! Não temos esse dado em relação ao Brasil, mas, nos EUA, onde se vive uma questão racial semelhante à nossa, temos que 94% dos negros assassinados foram mortos por outros negros! [6]
Mesmo assim, ainda temos que analisar um ponto importante em relação ao Brasil: as mortes por ação da polícia, a quem muito se atribui uma perseguição racial aos negros. As estatísticas mostram que 5.804 pessoas foram mortas por policiais em 2019 [7] e que 75,4% dos mortos pela polícia são negros [8].
De fato, a polícia no Brasil mata muito se comparado aos números de outros países e, nessas mortes, estão incluídos muitos negros — como podemos ver —, mas, a polícia também MORRE muito e, nessas mortes, também estão contabilizados muitos negros, porque os policiais, em sua maioria, também são negros e pobres! Mais especificamente: dois terços dos praças da PM (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) são negros [9].
Será que os negros americanos (que são culpados por 94% das mortes de negros no país) e os policiais negros do Brasil estariam participando de uma caçada aos seus próprios? Será que eles estão empenhados em exterminar pessoas de cor idêntica a sua, por racismo? A narrativa que tentam emplacar apresentando esses números frios não bate e a análise mais aprofundada deles nos mostra o contrário: que de fato isso NÃO É reflexo de racismo nenhum.
O Brasil tem uma taxa de encarceramento de negros de 292 para cada 100 mil habitantes, enquanto que a de brancos é de 191 [10]. Ou seja, de todos os presidiários no Brasil, 60% são negros. Isso explica por qual motivo a polícia (mesmo sendo ela formada por uma maioria absoluta de negros) é muitas vezes vista como racista, afinal, aos olhos de quem tem o ofício de combater o crime, indivíduos que possuem o mesmo perfil da maioria dos encarcerados no Brasil (jovens, pobres e negros) representam um risco em potencial maior. Pergunte a qualquer policial negro que ele poderá te confirmar isso por experiência própria.
Sendo assim, a pergunta que eu faço é a seguinte: isso tem alguma coisa a ver com a cor da pele? Os negros nascem com algum gene do crime em seu DNA? Esses números são reflexo de alguma diferença constitutiva entre brancos e negros?
É claro que não! Isso tem a ver única e exclusivamente com o fato já mencionado: a circunstância deles serem a maioria absoluta entre os mais pobres e entre os residentes das áreas mais violentas, o que infelizmente acaba levando os negros a se envolverem com o crime com maior freqüência.
Sabe a única coisa que tem o poder de mudar essa dinâmica?
O investimento pesado em educação de qualidade nas áreas onde os negros são maioria. O que impede os negros de subirem na vida, tornar as classes sociais mais etnicamente equilibradas e acabar de vez com os tais “olhares tortos” que eles dizem receber na rua, não é nenhum racismo estrutural, não é nenhum complô contra eles, é simplesmente o fato de que a maioria deles não têm os meios de competir em igualdade com os demais, por causa disso acabam permanecendo por baixo a vida inteira (mesmo aqueles que não entram para o crime) e, assim, essa segregação velada se perpetua, criando um estereótipo impossível de apagar apenas com campanhas de conscientização.
Também não são as cotas de universidade que vão resolver alguma coisa, afinal, as oportunidades de desenvolvimento têm que ser dadas na BASE, no início do caminho, e não no fim do processo educacional quando o indivíduo já está formado. O que me parece óbvio. Mas, sabem por que os partidos de esquerda batem nessa tecla, mesmo sabendo que não vai adiantar de nada? Porque criança não vota! E o interesse deles não é o de ajudar de verdade, mas apenas de conquistar o apoio eleitoral dos negros por um lado, enquanto perpetuam essa realidade por outro, a fim de manter a exploração política de uma comunidade dependente de migalhas.
E vão ainda além: para conquistar esse apoio dos negros, é imprescindível que o postulante a herói CRIE um vilão a ser batido, convença os negros de que existe um inimigo por aí e que eles jamais serão felizes e realizados enquanto eles não se juntarem num movimento político para colocar esse “herói” no poder. Ou seja, estão sendo apenas usados e explorados por aqueles que dizem ser seus maiores defensores. Por outro lado, enquanto continuam insistindo em cotas, em Dia da Consciência Negra, em campanhas antirracistas, em demonização dos brancos, em Black Lives Matter e outras inutilidades do tipo, a ÚNICA solução viável para transformar a realidade dos negros continua sendo desprezada: a educação de qualidade. Talvez porque, se as massas um dia fossem iluminadas pelo estudo, isso tudo que parece tão óbvio para alguns, se tornaria óbvio para todo mundo e o projeto de poder da esquerda, baseado na estratégia do “dividir para conquistar”, fatalmente iria por água abaixo.
A maior prova disso é que o símbolo da Consciência Negra, eleito por essa cultura esquerdista e decadente de hoje, é justamente o Zumbi dos Palmares, um ex-escravo que, ao se libertar, foi lá e… tratou de ter os seus próprios escravos no Quilombo de Palmares. Enfim a hipocrisia…
Outro ponto a se notar é que, toda essa situação social desfavorável, mencionada no texto e que os negros vivem no Brasil, começou por causa da forma pela qual eles chegaram aqui na América: a escravidão. Porém, o que os adeptos da narrativa do racismo estrutural nunca se lembram é que os escravos que vieram para cá foram escravizados na própria África, por outro negros! E não pelos brancos. Será que os africanos se escravizavam uns aos outros por racismo? Ou será que era apenas a forma como as coisas funcionavam antes?
Já tivemos escravos de todas as etnias, inclusive a palavra “escravo” vem de “eslavo”, povo branco, loiro de olhos azuis que foi escravizado muito antes dos negros, assim como todos os outros povos, de todas as outras cores, em algum momento da história.
Por isso eu digo e repito: Consciência Negra de verdade significa não cair nessa narrativa distorcida da esquerda que só pretende, com isso, criar DIVISÃO e jogar uns contra os outros na sua luta de classes moderna. Abram os olhos!
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Fontes do texto:
[1] Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde
[2] Fórum Brasileiro de Segurança Pública
[3] IBGE – Estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil
[4] Estudo publicado no livro “Um País Chamado Favela” de Renato Meirelles e Celso Athayde
[5] Atlas da Violência, publicado pelo IPEA em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública
[6] Pesquisa Nacional de Vitimização de Crimes nos EUA (2010)
[7] Monitor da Violência, divulgado pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública
[8] 13ª Edição do Anuário da Violência, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
[9] Estudo publicado no livro “O Negro na Polícia Militar” de Carlos Nobre
[10] Estudo da Secretaria Nacional da Juventude 2015 (órgão do Governo Federal)

Pedro Delfino é especialista em História da Civilização Ocidental e História da Igreja Católica; autor do livro Mentalidade Atrasada, Nação Fracassada (que aborda temas como História, Filosofia e Política); do Curso de História Geral da Civilização Ocidental, do Curso de Excelência Catholica, do livro Via Sancta e é co-Fundador do Movimento Brasil Conservador.
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