Nos últimos tempos, virou moda a curiosa mania da oposição de chamar os apoiadores do presidente Bolsonaro de gado, consolidando assim um aumento significativo no seu universo de argumentos: de 2 para 3. Agora, além de repetir as palavras Bozo e Fascista, a versão 2020 atualizada vem com a nova função: eles aprenderam a gritar “gado!” também. Vejam que coisa.
Esse termo vem sendo usado para expressar um suposto comportamento de manada, com o qual nós reagimos a toda e qualquer notícia envolvendo o presidente da república, sempre dispostosa concordar com ele e a segui-lo, como gados, na direção por ele apontada.
Pois bem, impressiona-me muito o fato de que eles não percebem que estão, com isso, participando da velha máxima comunista: “Chame- os do que você é, acuse-os do que você faz”. Elegemos Jair Messias Bolsonaro com o intuito principal de quebrar a – até então hegemônica – narrativa política, social e histórica que saía das universidades – 100% partidárias e das mídias 100% militantes para tomar a consciência e a alma da sociedade, muito em função de uma ausência injustificável de qualquer representatividade conservadora no país, seja em forma de partido político, veículo de comunicação, instituições educacionais etc.
Olavo de Carvalho já previa há muito, que o primeiro candidato que ousasse bater no peito e se colocar CONTRA esse establishment – não só o burocrático, mas principalmente o ideológico – personificado pelos “intelectuais orgânicos” (vulgo: os formadores de opinião), como assim os apelidava Antonio Gramsci, levaria a parada! E não deu outra. Bolsonaro foi esse cara e, muito além de ser o primeiro a fazer isso, foi O ÚNICO até hoje.
Isso, obviamente, não dá carta branca para ele fazer o que quiser e nem significa dizer que ele está livre de críticas. MAS, temos que entender que numa guerra existem apenas DOIS lados. Em uma guerra, não lutar por um lado significa automaticamente apoiar o outro e aumentar as suas chances de vitória: neutralidade é uma ilusão! Quem quer que diga que podem existir três lados, está mentindo. Por isso, aqueles que tentam posar de isentos ou, em função da sua personalidade fraca, buscam aprovação a todo instante tentando construir uma imagem de “prudência e sofisticação” para receber a recompensa social dos seus colegas de manada, são aqueles que MAIS merecem a alcunha dos bovinos.
Ora, uma pessoa que – em pleno 2020, na era da informação- ainda se baseia na narrativa apresentada a ela pela grande mídia; que ainda toma a palavra das instituições burocráticas internacionais, como ONU, OMS, União Europeia e cia. como evangelhos formulados por doutos mestres infalíveis (mesmo diante de tantos desmandos e abusos já conhecidos); que ainda cai tão pacificamente nas histerias fabricadas em laboratório a fim de conduzir as massas para onde eles querem; que ainda se engaja de corpo e alma com bandeiras “progressistas”, que não passam de camuflagens simpáticas para alcançar objetivos totalitários; que ainda acredita estar lutando contra o sistema, contra o patriarcado e contra o capitalismo sem fazer a menor ideia de que todas essas pautas da agenda progressista são financiadas por bilionários capitalistas representantes justamente do patriarcado, do “sistema” e de tudo aquilo que ela diz lutar contra; e que ainda tem a audácia de chamar de gado quem resolve se OPOR a essa marcha quase religiosa de cegos e hipnotizados pela Matrix dos nossos tempos, só pode mesmo estar priorizando o pertencimento ao grupo a qualquer possibilidade de refletir e investigar seriamente de onde vêm as suas próprias crenças.
Uma pessoa que consegue aceitar uma inversão da realidade nessa magnitude já está com o seus neurônios comprometidos faz tempo! Até porque, mesmo que o alinhamento dos eleitores com seu representante fosse de fato exagerado e passível de zombaria da oposição, a completa discordância com a qual os mesmos tratam o presidente, opondo-se ferrenhamente até ao ar que ele respira, também seria motivo de chacota automaticamente.
Se concordar 100% é ser gado, discordar 100% também é.
Porém, como já foi dito, na guerra só existem DOIS lados, e qualquer pessoa com maturidade e entendimento político razoável sabe que política se define por CONFLITO DE INTERESSES (podendo ser interesses bons ou ruins): é o interesse de um grupo o tempo todo tentando se sobrepor ao do outro. Entendendo essa lógica simples, fica claro que nós não precisamos concordar com alguém 100% para defendê-la 100%, uma vez que a oposição se alimenta de qualquer sinal de fraqueza da sua base de apoio para minar o capital político do presidente e cooptar os isentões e indecisos! Nós somos obrigados a cair nessa armadilha a fim de preservar a nossa linda biografia? É claro que não.
Que se dane a nossa biografia! Eu só quero construir um país melhor. Enquanto do outro lado, existem aqueles que dizem o contrário: Que se dane um país melhor, eu só quero preservar a minha carteirinha de membro oficial da lacrosfera reinante e jamais cogitar qualquer ideia que esteja fora da bolha do politicamente correto. Gados são vocês!

Pedro Delfino é especialista em História da Civilização Ocidental e História da Igreja Católica; autor do livro Mentalidade Atrasada, Nação Fracassada (que aborda temas como História, Filosofia e Política); do Curso de História Geral da Civilização Ocidental, do Curso de Excelência Catholica, do livro Via Sancta e é co-Fundador do Movimento Brasil Conservador.
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