Vamos lá, seguindo a aulinha: as pessoas que estão dentro da bolha que o esquerdismo criou para elas, muitas vezes nem percebem essas coisas acontecendo, mas isso é o típico conceito da Janela de Overton (leva esse nome porque foi criado por Joseph Overton).
Esse conceito diz que existe uma “janela” de ideias que são consideradas aceitáveis no jogo político e que as ideias que estão fora dessa janela são tomadas como extremistas e, portanto, não devem ser levadas a sério ou sequer consideradas.
O mais importante desse conceito é que: a aceitação de cada ideia pelo senso comum NÃO depende da sua qualidade, mas apenas da sua PROXIMIDADE com ideias mais populares. Exemplo: se eu chegar nos EUA, onde existe praticamente 1 arma para cada cidadão e propor o banimento total das armas, o extremista serei eu e não quem é favor do porte; já em outros países, como no Brasil, esse juízo pode ser radicalmente inverso, dependendo do que as pessoas estão acostumadas. Ou seja, o fato do porte de arma ser bom ou ruim pouco importa, as pessoas julgam as ideias a partir do seu grau de “estranheza”.
Portanto, se um grupo tem o domínio absoluto nos meios acadêmicos e jornalísticos, como a esquerda de fato tem no Brasil, e decide perseguir o objetivo de alcançar a hegemonia cultural de que falava Antônio Gramsci (cultuado por 11 em cada 10 intelectuais esquerdistas) para, assim, obter aquele resultado que o Lula tanto comemorou no vídeo (“Temos uma eleição em que todos os candidatos são de esquerda! Não temos um só de direita! Que maravilha…”), o que esse grupo precisa fazer??
Eles precisam manipular a Janela de Overton a fim de isolar o discurso adversário, retratando-o como extremista. Isso se faz mudando o EIXO da Janela, conforme imagem a seguir:

Vejam que cada ideologia permanece exatamente no mesmo lugar (o que mudou foi o eixo), por isso, a partir do momento em que você chega no eixo um pouco para a esquerda, automaticamente a extrema-esquerda se torna esquerda moderada, a esquerda moderada se torna centro, o centro se torna direita e a direita moderada se torna extrema-direita. Isso é exatamente aquilo que fazem com Bolsonaro hoje, e tudo começou com essa mania de dizer que o PSDB era de direita, só porque ele estava Á DIREITA do PT, mesmo sabendo que ele também era de esquerda só que um pouco menos radical.
Quando uma determinada ideologia consegue alcançar essa hegemonia e monopolizar a política, como PT e PSDB fizeram por muitos e muitos anos, é normal que as pessoas comecem a enxergá-los como esquerda e direita, afinal, TODO país do mundo tem uma esquerda e uma direita rivalizando na política. Só que o Brasil era o único país que NÃO TINHA isso. A nossa política foi dividida entre o socialismo sindicalista do PT e a social democracia tucana, AMBOS declaradamente marxistas. A isso se dá o nome de Teatro das tesouras.
Isso quer dizer que eles não disputavam por discordância de objetivos ou ideologias, mas apenas por uma questão de disputa de poder, assim como Ciro Gomes e Haddad concorreram um contra o outro em 2018 mesmo sendo dois notórios esquerdistas.
Quando surgiu o Bolsonaro e rompeu com esse jogo de compadres, o advento de uma “direita” no Brasil escandalizou todo mundo porque eles não estavam mais acostumados a ter um concorrente que rivalizasse com eles para além da disputa pelo poder, mas além disso, combatesse a IDEOLOGIA que os movia por trás. Mesmo sabendo que Bolsonaro defende, apenas, aquilo que a direita sempre defendeu em todo lugar do mundo, as suas pautas foram percebidas como extremas por uma parte do povo, simplesmente porque eles não estavam acostumados a ouvir nenhuma daquelas coisas e tudo parecia novo demais, “louco” demais.
É a Janela de Overton concretizada na prática: as ideias passam a ser aceitas ou repudiadas em função da sua distância com o centro do eixo (que representa o “senso comum”). E uma política dominada por partidos de esquerda mais ou menos radicais entre si, logicamente vai arrastar o senso comum cada vez mais para a esquerda, tornando a direita moderada cada vez mais extremista, absurda e surreal aos olhos desatentos das pessoas.

Pedro Delfino é especialista em História da Civilização Ocidental e História da Igreja Católica; autor do livro Mentalidade Atrasada, Nação Fracassada (que aborda temas como História, Filosofia e Política); do Curso de História Geral da Civilização Ocidental, do Curso de Excelência Catholica, do livro Via Sancta e é co-Fundador do Movimento Brasil Conservador.
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